Mais uma história com um final, mais um coração partido. Um novo fim pra um amor normal, mais um choro sem sentido. Não há razão pra te escrever, perdi a razão ao encontrar você, e as minhas palavras se misturam num mar de falsas canções. Você diz que é só de amor que eu sei falar, mal sabe que se eu soubesse eu tentaria te ligar, pra dizer que amor não senti é mentir pra mim e mesmo que seja melhor assim, não posso negar que eu quero voltar. Eu sempre quis nunca precisar te dizer que desde quando você se foi, me pego pensando em nós dois. Te perdendo eu cresci tanto que eu não sei se eu quero mais te encontrar.
(- Desde quando você se foi, Fresno)
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Parece uma pergunta tola, mas reflita nela nas próximas linhas.
Qual é a primeira coisa que você faz quando está morrendo de saudades daquela pessoa que você ama e a vê quando se encontram? Corre até ela e lhe abraça forte, isso? Não. Dou meu pescoço que a primeira coisa que acontece, mesmo sem você perceber ou poder controlar, é o sorriso.
Você sorri e, aí sim, corre pro tão esperado abraço. É fácil sorrir quando se está junto com a pessoa amada, jogando conversa fora, abraçando, falando bobeiras que só tem significado pra vocês dois. Dois apaixonados... Duas pessoas adultas agindo, rindo e sorrindo como crianças. E ninguém ali está verdadeiramente se importando com isso, não é mesmo?
Afinal sorrir é algo muito bom. É a mais simples forma de expressar alegria e é também o cosmético mais barato do mundo. Não custa nada, mas seu valor é incalculável.
Porque o valor de um sorriso não está na brancura dos dentes, no tamanho da boca, na cor do batom ou no motivo que o levou a esse gesto (mesmo que isso seja tão importante). Está no momento que ele acontece, está no que ele consegue resgatar de melhor em você.
E quando aquela pessoa tão amada por você e que lhe jurou amor eterno por incontáveis vezes lhe deixa? Quando ela simplesmente diz que não podem continuar como estão, que não suporta mais tanta cobrança, tanta briga, tanta enrolação?
Como você conseguiria sorrir como antes na frente dessa pessoa enquanto ela pisa nos seus sentimentos e minoriza seus esforços como se não fossem nada? Se você sorri numa hora dessas é por pura descrença, porque você simplesmente não consegue acreditar que 'o céu virou o inferno' diante dos seus próprios olhos.
E seus sonhos saem pela porta da frente pra nunca mais voltar. Como ele(a) mesmo disse, com todas as palavras, dizendo cada letra como um ponto final.
A C A B O U
Ora vamos, você não vai morrer por isso e sabe disso. Mas sabe também que uma grande parte de si mesmo saiu por aquela porta a um minuto arrancando lágrimas dos seus olhos que há pouco tempo transbordavam amor.
Você não vai morrer por um amor perdido, mas você sabe - e sente - que quando parou de chorar algo havia caído no chão com as lágrimas. E você não sorri. Não hoje. Porque o que caiu ao chão foi sua vontade de sorrir por um longo tempo. Tempo indeterminado.
Dias, semanas, meses se passam. O tempo tem sempre a tentativa de fazer com que você melhore, mas nem sempre tem sucesso. Não mesmo, infelizmente.
Então em algum dia depois daquela porta ter se fechado, você está andando meio sem rumo aproveitando o sol e o vento que estão sorrindo pra você, e senta-se num banco no parque sob uma sombra muito bem vinda no verão. Olha rápido ao seu lado depois de sentir algo batendo levemente na perna e vê uma criança pequena correndo em sua direção para pegar a bola que havia chutado e parado por ali. No momento que você entrega o brinquedo à criança, ela lhe sorri.
E você se torna incapaz de continuar evitando esse gesto. Você sorri novamente, você se lembra como fazer isso porque deseja e não somente pra disfarçar dos outros uma dor que estava lhe amargurando o peito.
Você sorri pr’aquela criança se sentindo mais feliz do que nunca, pois você a vê se afastar e percebe que aquilo - aquele simples sorriso envergonhado de alguém tão inocente que por enquanto vive de gestos para expressar seus pensamentos - trouxe a você uma renovada alegria, fez você se recordar de que nada é para sempre, muito menos o sofrimento, e segue seu caminho mais satisfeito do que há muito tempo.
E sorri. Novamente.
Autoria: Preta | Caiu no Papel dia: 27/08/2010